Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Meu vício


Não quero mais saber de Facebook
Twitter, Instragram ou FourSaquare
Hoje a única coisa que me importa
É tê-la, pra sempre, minha mulher.
Basta um mero desentendimento
Para eu quase enlouquecer
Se você diz que melhor é o fim
Fico como se estivesse a morrer.
Minha vida perde o sentido
Não sei mais a noção das horas
Tudo fica em parafuso
Se dizes que vais embora.
Nunca te toquei mas não posso
Imaginar alguém a te tocar
Teu corpo é como meu templo:
Só eu posso adorar.
Sempre fui equilibrada
Um exemplo de sensatez
Agora a única coisa que sei é:
Perdi completamente a lucidez.
Você nem pediu licença
Ocupou todos os espaços
Deixa-me sem respirar até de longe
Não sei mais da vida o que faço.
Eu aqui do meu lado divido
A mesma sensação contigo
Vivo a me perguntar o dia inteiro
Onde foi parar o meu juízo?
Vivo um amor platônico
Nem perto posso chegar
Teu amor agora é meu vício
Não sei me desconectar.
É algo tão forte e louco
Que domina meus hormônios
Serei condenado a presidir pra sempre
A Associação dos Amantes Anônimos?

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