Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 13 de janeiro de 2019

Receios


Olhei para os teus seios
Estava cheio de receios
Podia não ser correspondido
Naquele meu ato languido.
Fui olhado com languidez
Notei nos movimentos da tez
Sorrisos de canto de lábios
Senti-me o maior dos sábios.
Não foram apenas de admiração
Você me comeu com os olhos
Fui dominado pela sensação
Que se apoderou dos poros.
Os pelos se arrepiaram
Nossos olhares se cruzaram
Discretamente meus receios
Foram engolidos pelos seios.
Que saltaram e seduziram
As direções do olhar
Nossos corpos descobriram
Que iríamos nos amar.


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