Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 31 de julho de 2011

Pios

Bem-ti-vi
Beija-flor.
Beija aqui.
Beija ali.
Gavião.
Avião.
Pássaro-de-aço.
Twitter.
Pássaro-virtual.
Tu lá.
Eu aqui.
Um tuite
Dois tuites
Faz um canto:
Te encanto
E o amor surgiu.

sábado, 30 de julho de 2011

Sentidos

Com os olhos, admiro.
Ah esse olfato!
Que me estimula o tato.
A degustação!
Nenhum deles, porém,
Supera
Quimeras
Do coração.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Raios UV

A carne sangra
Escorrem gotas
Pelos cantos dos lábios
Carnudos.
Desnudos.
Desnuda pele.
Vermelho arco-iris.
Um V
Deixa-me V
Parte dos seios
Pura pelúcia
Vejo-te nua.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Dominadores

Vermelhos
Invasivos
Indecentes.
Refletem o vestido
O sorriso
E penetram a mente.
Esbugalhados
Grandões
Dominadores.
Ah como eu queria!
Acordar um dia
Dominado.
Por essa magia!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Fúria

Rasguei o pijama
Joguei sobre a cama
Em pedaços fiz tua foto
Virei a mesa
Esvaziei o guarda-roupas
Cortei cada veia do meu corpo
Enchi vários copos.
Não tive o teu corpo.
Roto
Amorfo
Morto
Libertei-me!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Doçura

O doce que pulsa na tua pele
Fere
Provoca
Languidez.
Desencadeia
Processos
Procuras
Loucuras.
Engulo
Cada gota.
Sorvo-te
Sorvete
Doce-de-leite
A me seduzir.

domingo, 24 de julho de 2011

Insônia

Um vazio
Toma o peito.
Deito.
Fecho os olhos.
Não durmo.
O quarto
É escuro.
Turvo.
A mente.
Também.
Latidos
Gritos
Sons
Semitons
Cigarras e grilos
Trilho
Caminhos sem volta!

Textura

Toco tua tez
Tesuda.
Temo profanar a Deusa.
Templo sagrado,
Teu corpo.
Tua pela nua.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Algemas

Prendeste meu pulso ao teu.
Jogaste fora as chaves.
Perdi o direito de ser eu.
Para aprender a viver os nós.

Decisões

São dolorosas.
Deixam vazios, intrigas
Saudades, vontades.
Vozes proliferam
Esfriam
Esquentam.
Cisões decididas
Vidas vividas.
Divididas.
Foi-se o amor,
Ficam as lembranças.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Desapego

Há muito não sonho
Muito menos os mais lindos.
Não quero saber de quimeras
Passam anos, algumas eras.
Você se foi e não volta
Não a quero em minha porta
Nem nos meus pensamentos.
Desista, desapareça
Nada impede que eu esqueça
O que ficou para trás
Não deixo que volte nunca mais.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Marcas

O que fica de ti
É o sorriso amigo
Doce, meigo.
A alegria de viver
De me ver.
De me olhar.
Com ternura
Encanto.
Paixão.
Acima do desejo, um bem-querer.
A bem-querência de um ser.
Que fixa do peito e na mente
O presente: você em minha vida.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Prisioneiros

Deixo meus fantasmas num canto
A me olharem constantemente.
Eles habitam minha mente
Dominam o inconsciente,
Mas não os deixo se libertar.
Só sai quem estiver domado
Perfeitamente enquadrado
Nos ditames sociais.
Não que eles se contentem
Com essa prisão forçada,
Mas há conversas e segredos
Que só partilho com meus medos
E com os meus fantasmas.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Loucura

Quero sugar teu ego
Deixar-te cego
Ao arrancar os olhos
Com um suspiro de paixão.
Iro ao teu enterro
Chorar aos berros
Com o tempo, esquecer-te.
A mulher que existe em ti
Deseja-me assim:
Objeto do teu uso
Mentes em parafuso.
Descartável e abjeto
Andrógino ser sem nexo
A descobrir detalhes do teu sexo
Quando a noite, enfim, dormir.

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sexta-feira, 15 de julho de 2011

Literatuitar

Não te quero em prosa
Muito menos em versos.
Quero-te inteiramente tua
Face
Face
Book.
Twitterar segredos.
Versar sobre teu corpo
Gemidos intrépidos deckear
Na tua alva pele teclar.
Deslizar pelas formas
A sentir as letras
Brancas, tetas
Da divindade
Que brota dos teus contornos.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Desejo

Redescubro que você existe
E esse desejo que insiste
Em te ver, te tocar, te sentir.
A languidez dos cabelos
A alvura da pele.
Um sorriso largo difere.
Você de outras esculturas.
És cobre? És bronze?
De que és feita?
Imagem quase prefeita
Mulher, minha insensatez.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Tua pele

Não digo que amo tua pele
Porque ela é parte de mim.
Não quero morder teus pelos
Porque de pele e pelo somos um.
Prefiro deslizar os lábios
Roçar o nariz
Sentir o teu íntimo
Feliz!

terça-feira, 12 de julho de 2011

Singular

Singram oceanos de sonhos
Singulares lábios de mulher
Selvagem olhar, faminto desejo
Teus beijos incensam meu delirar.
Vagueio zumbiando raras matas
A explorar tua biologia
Sem tocar tua geografia
Sinto detalhes da anatomia.
Ciências inexatas
Energias estáticas.
Propagam-se pelo corpo em cio
Abro os olhos, ninguém ao meu lado
Na minha lembrança não é um vazio.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Cristais

Gotas de orvalho
Pulam de ti
A cada gozo.
Alimento
Das nossas magias.
Orgias a dois
Festa pagã
Nossa religião
O amor se espalha
Corpo inteiro
Nos dedos
Na mão.

domingo, 10 de julho de 2011

Imobilizados

Mensalão
Caixa 2
Eleição.
Lula lá de novo!
Currupção em alta
Popularidade também.
Novas eleições
É a Dilma que vem.
Mulher no poder
Tudo limpo, era um sonho
Palocci e Alfredo Nascimento
Sujaram os versos que componho.
Salpicam no Governo
Gotas de cada sujeira
E o povo, como está fica
Nessa mesma pasmaceira.

sábado, 9 de julho de 2011

Amargor

Dói a fundo
Rasga a alma!
Gotas de lágrimas escorrem
Pelas veias.
Enquanto os miseráveis lutam pela vida
O País sangra
Corrupção
Mesalão
Ministérios.
Mistério!
Nenhumapunição
A quem serve um Estado desses?
A que serve?

sexta-feira, 8 de julho de 2011

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Impasse

Toco teu rosto
Fundo nos olhos
Penetro tua alma.
Engulo teu sangue
Sorvo te mel
Mastigo teu fel.
Degusto tua saudade
Pulo do doce ao amargo
Ao te seguir pelo faro.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Limites

Para sonhar
E viver
Não os tenho.
Demarcar territórios
Impor costumes
Ditar normas
Cercear a liberdade
É o que me tortura.
Nem te ter
Por inteiro
Posso.
Ou me liberto
Ou te perco.

Desvios

A razão fala forte
Alto
Diz pra eu me afastar de ti.
O corpo chama
Aproxima
Gruda.
Esfacela a moral
A ética
Os bons costumes.
Será proibido um amor assim tão insubmisso?

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Sereno

Vidros suados
Corpos mais ainda
Calor da madrugada
Sem ar-condicionado
Eu no meu quarto
Você também
Corpos suados
Brisa que sopra
Gotas que escorrem
Ao longo dos vidros.

domingo, 3 de julho de 2011

sábado, 2 de julho de 2011

Biscoito

Coito sem bis
Bis
Coito.
Doce sensação de ti gozar
Com olhos de quem te come
Bis
Batton
Salivas.
Na língua teu gosto de diva.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Comilança

Quero morder tua alma
Comer tuas vísceras
Mastigar teu pensamento
Penetrar teus olhos
Invadir teus poros
Gozar teu corpo
Louco.
Nessa insaciável
Saciedade.