Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Perfume

Leio Simone de Beauvoir
Sinto cheio do francês 
Perfume que deve rolar
Pelas ruas e vielas de Paris!
Nunca cheguei a ir lá 
Um livro indicado pela Iná
Tem me provocado luminosidade 
Deve ser “A força da idade”!
Viajo de Sena Madureira
Conheço São Paulo e Brasília
De Londres passo por Lisboa
Whashington, de novo, um dia!
Chego em Teixeira por um tris
E a leitura me leva a Paris.

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Sou

Vinho
Quase vencido
Pelos anos vividos
Pelas escapadas da morte:
Tive sorte!
Tenho sorte:
Das pessoas que tive 
E tenho na minha vida.
Orgulho-me delas
Da sorte em tê-las.
Por perto ou longe
Por isso sou
Vinho, velho, envelhecido: sou!

Poema do dia 29/08/2024.

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quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Solto

Bicho
Solto no mundo
Quero me prender
Sem encontrar você.
Procuro e não acho
Se acho;
Não quero
Nem me desespero.
As prisões interiores 
São os maiores horrores
Elas não me aprisionam:
Mente solta, corpo leve
Que a vida me leve!

Poema do dia 28/08/2024

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quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Belas

Belas são as isas
Com z ou s
O que precisas?
Saber que a Iza é bela
Belas são as isas
Poemas que se perdem
Ao longo das brisas.

Poema do dia 27/08/2024.

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segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Frutos

Filhos são frutos 
De amor e dores
Diamantes brutos
A espera de flores.
Nem sempre as temos
Mas, o que fazemos
De modo responsável
É ser amável.
Deles cuidar 
Uma hora chega
Passamos deste plano
Uma parte de nós
Resta de humano!

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domingo, 25 de agosto de 2024

Alma

O corpo reflete
O que a alma sente
A alma reflete-se 
No corpo da gente!
De quem ama e sofre 
Às vezes, odeia
As dores, esquece:
Odores, semeia!

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sábado, 24 de agosto de 2024

Viradas

Saio de casa
Caio na vida
Levanto-me
Caio de novo 
E a vida segue
Em quedas 
E apuros
Sussurros 
De quem não teme
O hoje
Nem o amanhã!

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sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Entraves

Antes que você me trave 
E os entraves da vida
Se abatam sobre mim.
Quero que saibas de o quão grave
É você ter decretado o fim.
Ainda que um recomeço 
Seja possibilidade 
Fica decretado o entrave 
Que ente nós nada se agrave!

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quinta-feira, 22 de agosto de 2024

AI


Aparece-me a
Artificial Inteligence
Algo meio non sense
Ou inteiramente
A dominar mentes inteiras.
E eu aqui, de bobeira
A te amar inteira
Disposto a ouvir os teus “ais”
A gritar a plenos pulmões 
Coisas de muitos tesões.
Porque dúvida não tenho não 
Que as AIs que estão por AI
Não sabem o que é paixão 
E ainda vão demorar
A sentir o que é tesão!

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quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Louca

Sinto o teu cheiro na boca
E o teu gosto na voz rouca 
Com aquela sensação louca
De te explorar corpo-inteiro.
Nossos poros se exploram
Nossas bocas matam a fome
Há os que nos ignoram
E quem vorazmente nos come.
Prefiro ser teu alimento
Sorver a tua voz rouca
Viver a todo momento 
A sentir a tua boca.
Na minha colada avidamente 
Sem decifrar o que se sente
Louca, loucura-insensatez 
Onde se escondeu a lucidez?

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terça-feira, 20 de agosto de 2024

Raiz e flor

Antes de virar raiz
Uma flor foi semente
Plante para colher
O que dás ao receber!
Se recebes, não reclames
O tempo é o maior fator
A fazer com que os reclames
Transformem raiz em flor.
Entre a raiz e a flor:
Caule, hastes e espinhos
Se eu te provocar dor
Com ter de volta carinhos?
E se de mim não cuidares
Perco o gosto de viver
A flor de alguns lugares
Volta à raiz para adubo ser.

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segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Domínio

Você apareceu
Nem vi o que me ocorreu
Só sei que desde aquele momento 
Dominas o meu pensamento.
Pareces se apoderar 
De tudo o que já tive
Ou que irei encontrar.
Desfaço todas as crenças 
Se estou em sua presença 
E me deixo entregar 
Até você me dominar.

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domingo, 18 de agosto de 2024

Prece

O dia cordou azul
E eu aqui a pensar em tu
Sem saber se me percebes
Ou se me recebes.
Como homem
Você some
E não me aparece
Nem em prece.

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sábado, 17 de agosto de 2024

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Avis rara

Chegue
Fique 
Dê risadas 
Arranque o sorriso da minha cara.
Só não queria me arrancar da minha casa.
Sou avis rara:
Escondo minha tara.
Mas, se souber me pegar de jeito
Arranco gritos do peito
Arranho tuas costas de um jeito:
Huuuummmm!
Deixa a imaginação criar
O final perfeito!

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quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Perdidos

Perdidos estávamos 
Perdidos estamos agora
E eu já não vejo a hora
De estar completamente perdido 
Perdido de amor
Por fazer amor
E fazermos amor
Como dois loucos: perdidos!

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quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Desintegra

Quando a esperança se desintegra
A dor navega 
Barco sem vela 
Telas obtusas
Pinturas
Que nada revelam.

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terça-feira, 13 de agosto de 2024

Mal

Mal-acostumado
Sou homem bom
Porque se estou bem
Não posso estar mal
Com este bom tempo.
Mau é adjetivo:
Modifica o substantivo
É o contrário de bom.
Mal não fica em uma função
Pode ser advérbio, substantivo ou conjunção.
Por ser o contrário de bem,
Não causa mal a ninguém
Já o mau homem de bem
De bom, nada tem!

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Insaciável

Quanto mais tenho
Mais quero
Sincero
Quero-te…
Sem ponto final!

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Poema do dia 12/08/2024

domingo, 11 de agosto de 2024

Incerto

Teus lábios 
Espessos 
Expressam 
Teu riso
Aberto
Aberta alma
Que acalma
O que já em mim: incerto.

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*Dedico este poema à querida Gicelma Chacarosqui pelas lutas incertas no Comando Geral de Greve do Andes, em 2012, em Brasília. A única certeza que tínhamos: lutar era (e é) preciso!

sábado, 10 de agosto de 2024

Antes de só
De o quê mal acompanhado:
Diz o ditado!
Digo-te
Sem medo de errar:
Perca o medo de amar!
Porque a sabedoria popular
É uma tanto relativa
Amar é errar e acertar
Para a vida siga viva!

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sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Debates

Debato-me
Entre o nada
E o lugar nenhum.
Até pegar a estrada
Que me leva ao tudo
Sem saber o quê!
Tento entender e não me encontro
Debatidos encontros: sem você!

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quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Inteira memte

Inteira mente
Por inteiro 
Totalmente
Inteiramente 
Mentes inteira
Quando dizes não me querer 
Mentes para si mesma:
Inteira (mente)
Só para me fazer sofrer!

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Quero

Se me deres,
Quero
Se te quero
Amo-te.
Se te amo,
Entrego-me!
Se me entrego,
Quero-te:
Inteiramente minha!

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Poema do dia 07/08/2024

terça-feira, 6 de agosto de 2024

Inigualável

É incrível 
Inacreditável 
(Quase) inigualável 
O amor que fazíamos 
Quando nos encontrávamos!
É incrível 
Inacreditável!
(Quase) impossível 
Que seja só lembrança 
Talvez, esperança
De um novo encontro!

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segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Passagens

Pessoas passam 
Pela vida da gente
Umas marcam 
Com ferro quente.
Outras nem se arriscam 
A deixar riscos
No corpo ou mente:
Meros chuviscos!
Que pouco molham
Quase não marcam
Meras passagens 
Raras imagens!

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domingo, 4 de agosto de 2024

Voracidade

Enquanto houver opressão 
Haverá, também, depressão 
A vida em sociedade 
Perde um pouco a validade!
O oprimido vira opressor
O infringido passa a infrator
As relações se deterioram
Mentes se devoram.
Num bailado ilógico 
De um mal psicológico 
Que destrói a humanidade 
Da vida em sociedade!

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Mordaças

Somos diversos
Feitos de versos
Jogos de palavras
Nada bravas.
Bravos ficamos 
Se assim estamos 
Longas jornadas
Apalavradas
E o povo sem fala.
Sem voz
Mordaças invisíveis 
Prisões modernas
Lúgubre democracia!

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Poema do dia 03/08/2024

sábado, 3 de agosto de 2024

Truculentos

Vidas ceifadas 
Dilaceradas
Pela truculência
Sem inocência
De autoridades 
Autoritárias
Que indecência!

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Poema do dia 02/08/2024

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Chorar

 Quando se está triste 
É preciso chorar,
A dor dos outros existe 
E tem de nos tocar!
Com suavidade e carinho
Nunca deixe chorar sozinho
A tristeza de hoje em dia
Será choro de futura alegria!

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