Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Apenas bons amigos


Estupraram a decência
Fizeram-na passar de mão em mão
Desembolsaram dinheiro público mês a mês
E a isso deram o nome de mensalão.
Depois os ministros brincaram de dominó
Em uma disputa para ver quem dava mais nó
Enfiaram o pé na jaca dos ministérios
Ficaram livres, mais que mistério!
Passaram a se refestelar em festas
Como se não tivessem nada com isso
Disseram que todos eram pessoas honestas
Que não tinham nada que ver com o jogo-do-bicho.
Para eles contravenção é besteira
Pois na Caixa Econômica Federal tem jogo todo dia
Portanto, mal nenhuma haveria
Em serem amigos do Carlinhos Cachoeira.

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