Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 24 de novembro de 2012

Marcas


Há pessoas que marcam nossa vida
Como se usassem um ferrete
É como se assim dissessem:
Eis a marca dourada da dona.
Pode até parecer cafona
Como mulher que usa colete do dono
Mas é assim que funciona
Quando alguém marca pra sempre tua vida.
A minha por ti foi marcada
Para o todo, o sempre e até o além
Tenha eu o amor de todas
Ou até termine sem ninguém.
O amor a ti não é de pegação
Nem puro desejo de ficar
E sim de olhar teu corpo-escultura
E viver a te admirar.
Como uma obra de arte, uma deusa grega
Desenhada pela criação
Marcas das chegadas e partidas
Esculpidas no coração.


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