Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 9 de julho de 2013

Luxúria

Quero-te com tamanha fúria
Com uma infindável luxúria
Como se fosse a primeira e a última vez.
Olhar-te nos olhos, mirar tua tez
Fazer contigo o que nunca fiz
Um afoito menino, um aprendiz.
Urrar de prazer ao beber cada gota
Do sedoso néctar que aos poucos brota
E inunda, esparrama-se por toda a tua flor.
Mordo tua pétalas, mastigo com furor
Teus gritos, tua cara parecem de dor
Sorvo de ti o que vem na saliva.
Viro teu devoto, você minha diva
Deusa do Olimpo, dona, feitora
A ti entrego meu corpo e minha alma pecadora.
Aos pés do altar, santa devoradora
Ajoelho-me e me dou como oferenda
Nosso amor é real ou não passa de lenda?
Hoje és minha vida, meu tudo, antes eras nada.
Faço contigo o que jamais fiz
Quero como louca o que você diz
Meu corpo é teu, cada orifício: tua morada.


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