Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Pedaços

Recolho pedaços de nós
Nos flashes de cada lembrança
De onde vem fé tão atroz
Que me faz manter a esperança?
De um dia tê-la ao meu lado
Não como lembrança do passado
Mas como fonte de alegria
Símbolo dessa nossa magia.
Do encanto que nos arrebatou
E tomou conta do meu mundo
A mim fez escravo e me transformou
Em teu servo a cada segundo.
A desconfiança e o ciúme
Começam a contaminar
Até o cheiro do perfume
Que escolhi para te amar.
Dó sentir a frieza
E o teu modo de falar
Pedaços de lembranças são a certeza
Que servem para me consolar.


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