Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 25 de março de 2018

Ad infinitum


Desisto de parecer bonito
E te agradar ad infinitum
Quem só tenta agradar
Deixa de se amar.
Só se me amar sustento
Este tão nobre sentimento
Que por ti cultivei
Desde que te olhei.
Aí vieram os toques
E o mais amor à reboque
De tanto que te amei
Amar outra já não sei.
E ainda que reaprenda
Será pela tua ausência
E não uma reprimenda
Ou um ato de demência.
Demente sou por te amar
Sem nem poder te tocar
Exploro-me ad infinitum
Sinto teu gozo no meu grito.


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