Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 13 de outubro de 2018

Lareira


Quero chegar até o chão
A lamber este corpão
Fazer a família brasileira
Querer me jogar na lareira.
Pois na lareira estamos
Enquanto nos amamos
Fogo que não apaga
Desejo que não se acaba.
Beijo a boca, mordo a orelha
Desço pelo pescoço
A acender a centelha
Na boca, o bico do mamilo
Teu fruto mais proibido.
Meu fogo só aumenta
Quando chego ao umbigo
Pelas narinas, pela venta
Sobe o cheiro do perigo.
É deste cheiro que gosto
Quando o clitóris toco
TUDO em nós é fogueira
Ninguém apaga a lareira.


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