Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Desafio


Os galhos das árvores balançam
Ouço bem-ti-vis a cantar
Tímido, o sol aparece
A chuva levou minha prece.
Renascem os arbustos
Um verde começa a pulsar
O dia encoberto de nuvens
Parece se retirar.
Os pássaros em sinfonia
Querem superar o bem-ti-vi
Outro bem-te-vi desafia
Quem queira cantar aqui.
Um coração que é teu
Como o dia é dos pássaros
Não suporto, porém, o breu
De não te ter mais em um quarto.
Em qualquer canto, um sarro
Até mesmo na estrada, no carro
Ter você de novo é um desafio
Não aguento mais viver no cio.


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