Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 8 de setembro de 2019

Anemia


Em mim você não se loga mais
Parece que esqueceu a senha
No WhatsApp e nas redes sociais
Fico a esperar que você venha.
A nossa banda que era larga
E transbordava energias
Hoje não tem nenhuma carga
Até o sangue sofre de anemia.
A relação inteira foi abatida
Está débil e cada vez mais frágil
Desde aquela última despedida
Você não mais foi ágil.
Não liga, não manda mensagem
Dorme sem falar comigo
Pode até parecer bobagem
Hoje não me sinto nem amigo.


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