Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 18 de março de 2020

Afeta

TUDO o que te afeta
A mim, afeta também
Nosso amor é a meta
Não esqueça, meu bem!
Por isso, não se deixe
Se preciso, se queixe
Porque o amor não resiste
Quando se está triste.
Você se abate demais
Quanto algo te afeta
Triste fico eu mais
Se você não comenta.
Apenas se isola
E me deixa de fora
Fico aqui, abatido:
Sensação de ter te ferido.
Brinco e você se fere
Mas, amor não se mede
Pois com a ferida aberta
TUDO a ti nos afeta.

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