Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Anuência

Difícil é entender o amor

E a sua existência

Se insistes demais, provocas dor

Se não, és de fácil desistência.

É preciso combinar

Cada coisa a fazer

Alguém pode te acusar

De invasivo, ser.

É dever equilibrar

Insistência e desistência

Pode demorar a chegar

A tão sonhada anuência.

Se ainda assim, não conseguir

Nunca se sinta um perdedor

Sozinho você bebeu o elixir

Do tão sonhado amor.

Se nem chances você tiver

De provar o quanto amou

Recolha-se com o quê tiver

E vá viver a sua dor.

 

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