Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 27 de dezembro de 2020

Poemar

Meu poema não é de ódio

Nem tem gosto de sódio

De tanto eu te amar

Sódio não o é. Mas, é mar.

Um mar que me transporta

Que me leva a tua porta

Quem sabe, por telepatia

Ou a mais pura fantasia.

De que um dia a saudade

Consiga mudar a realidade

E o que fora fantasia

Seja minha maior alegria.

Ainda assim, se não for

Não abro mão deste amor

Nem de ódio, nem de sódio

Às vezes, cheio de dor:

Nunca, porém, mórbido.

 

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