Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

Contas

Nossos medos
Escondem segredos 
Que nossas vidas 
Não sabem contar.
Nossas contas
Revelam tantas
Fraquezas inatas
A nos controlar.
Nossos esparsos
Momentos escassos
São como pedras 
Que eu não sei contar.

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quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Digitus faroeste

 A voz engrossa e ergue
E lá se vem Zuckerberg
Digitus cowboy americano 
Dono do digital mundano.
Acha-se o dono do mundo
Único Deus da liberdade 
Transfere para a América Latina
A face dele e do Trump tirano.
Fascistas com o dedo apontando 
Ao que fere o interesse americano
Mercado livre só nos dos outros
Como sempre, eles vão “botando”.

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terça-feira, 7 de janeiro de 2025

Vagões

Vagões vagueiam
Na estrada de ferro
Que serpenteiam
Os trilhos de ferro.
Das nossas estrelas
Dos pensamentos
Escalas vermelhas
Nos monumentos.
E eu a vagar
De uma lado ao outro
Nas vagas lembranças
De um dia ao outro.

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segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Abismo

Pare na beira do abismo
Experimente a liberdade plena
O máximo que conseguirás
É botar os bombeiros em cena.
Praticar a plena liberdade
Nem sempre é fazer justiça
A liberdade que solta
É também a que atiça!
Tens a liberdade de saltar 
Mas, se for em um abismo
Prepare-se para tirar
Do teu corpo, o espírito.

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domingo, 5 de janeiro de 2025

Liberdade

Corte as asas de um pássaro
E o solte da gaiola
Depois não estranhe,
Se ele não for embora.
A liberdade do “deixar ir”
É a prisão do “não vir”
A vida em sociedade 
Não predispõe liberdade!

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Pessoas

Pessoas aparecem
Depois somem
Um dia te esquecem
Outros, a ti consomem.
Encontros e desencontros
Moedas de faces duplas
Quando caem, uma se mostra
Para a outra esconder.
Demonstro que tenho lado
Cometo sincericídio
Mas, se escondo um lado 
Sou confundido com cínico.

Poema do dia 04/01/2025

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sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Invisibilidade

Sou movido a desafios
Feito animais em cios
Cioso dos meus deveres
Senhor dos meus poderes.
Que não estão nos anéis
Ao redor dos planetas
Nem nos filetes de pincéis
Dos que vivem à espreita.
Como se estivessem às margens
Das coletivas bobagens
De uma sociedade sem estradas
Que sê autocomisera nas calçadas.
Descalsas as próprias roupas
Em rascunhos das louças
Que nenhum pobre pode ver
Escondidas até nos vossos bidês.
Sou movidos a desafios
E a enfrentar os desvios
Da vida em sociedade:
E não deixar (o outro ou a outra), na invisibilidade.

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Correntes

Somos resultado
Da escravidão do passado 
Que nos aprisiona no presente
Sem sentir a dor que sentes.
Somos alguns entes
A viver sem dentes
Sorrisos soltos e ocos
Confundidos com loucos.
Zumbis acorrentados
A espera de serem libertados
Por um salvador que não vem
Pois não há quem salve ninguém!

Poema do dia 02/01/2025

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quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Vestígios

Pegadas
Nas calçadas 
Vestígios 
De quem passou.
De mãos dadas
Nas calçadas
Passeamos
Sem pudor.
Despudorados vestígios
De passadas dadas
Leves passos
De um ano que passou.

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