Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Invisibilidade

Sou movido a desafios
Feito animais em cios
Cioso dos meus deveres
Senhor dos meus poderes.
Que não estão nos anéis
Ao redor dos planetas
Nem nos filetes de pincéis
Dos que vivem à espreita.
Como se estivessem às margens
Das coletivas bobagens
De uma sociedade sem estradas
Que sê autocomisera nas calçadas.
Descalsas as próprias roupas
Em rascunhos das louças
Que nenhum pobre pode ver
Escondidas até nos vossos bidês.
Sou movidos a desafios
E a enfrentar os desvios
Da vida em sociedade:
E não deixar (o outro ou a outra), na invisibilidade.

Siga-me no Instagram: gilson_v_m

Nenhum comentário:

Postar um comentário