Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Dia santo

Velas acesas
Em cima da mesa
Mãos postadas.
Pernas unidas
Ou cruzadas.
Vidas em transe
Nada de transa.
Nesse dia
Nada se faz.
Pensamentos
Pecaminosos
Abominados.
Nada de amor
Só de cruz.
Cruzes!
Pregos nos dedos
Nas mãos
Na alma
No cérebro
De quem pecar.
Morro na cruz
A cada dia.
Mate-me aos poucos
Da agonia.
De te querer
Sem tê-la um dia.
Santo dia!

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