Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Castigo


Mais doloroso do que se desentender
É a tua indiferença
Cada minuto é mais sofrer
Com a tua completa ausência.
Quando o amor é mais forte
Suporta qualquer grosseria
Teu silêncio é minha morte
Em lágrimas passei o dia.
Se o que fiz foi tão grave
A ponto de ser assim castigado
É porque nunca mereci
Um segundo sequer ao teu lado.
Quem ama, perdoa, não ignora
Não deixa o amado ir embora
Estamos, agora, separados
Cada um para o seu lado.
Como se nunca tivesse havido nada
E a dor fosse maior que o amor
Meu coração sangra dilacerado
Por não te sentir mais ao meu lado.
Errei, erramos, mas não sabemos
Um ao outro perdoar
Fingimos que um do outro esquecemos
Que jamais queremos nos encontrar.
Meu Deus, se amá-la é um castigo!
Arranque a dor do coração dela
Deixe todo o sofrimento comigo
Faça com que ela fique mais bela.
Que não perca a leveza
Daquele sorriso lindo
Devolva em amor e beleza
A dor que estou sentindo.
Posso até não merecer perdão
E nunca mais tê-la nos braços
Meu Deus, acalme o coração
Já não sei mais o que faço.
Imploro, a ti, Deus de bondade
Dê a ela o que não pude dar
Tire a indiferença e deixe saudade
Se um dia ela de mim lembrar.
Do meu lado pago um preço
Que nem sei se mereço
De ser inteiramente ignorado
Por quem loucamente amo e fui um dia amado.

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