Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 26 de maio de 2013

Sinfonia

Pássaros misturam seus cantos lá fora
Antes das cinco já rompem a aurora
Você está comigo na hora que deito
Durante o sono, invade meu peito.
Toma as lembranças, domina a mente
Não sai da cabeça, por mais que eu tente
Lembro nossos encontros, o nosso balé
Quando me abraças e sobes na ponta do pé.
Deslizas tuas mãos, sugas minha língua
Como se na língua levasse a alma
Dependo de ti, vivo sempre à míngua
Quando em ti não estou, nada me acalma.
Galos e pássaros, em mágica alegria
Cedo promovem nossa sinfonia
Relembro teus urros, gemidos e gritos
Retratos do nosso prazer infinito.
Cheiro o teu pescoço, desço atrevido
No compasso, na dança, me entrego a ti
Sugo cada mamilo, quando gritas "não faz"
Meus dedos te exploram, então pedes "mais".
Como um devoto, ajoelho-me diante do altar
Em pura devoção, começo a te sugar
Ávido, um lobo, uma fera, na cara
Separo, do teu gozo, a gema da clara.
Deslizo meu corpo para o travesseiro
Encosto meu peito por sobre o teu
Exausto, recolho-me em sono matreiro
Da boca às narinas: teu cheiro é meu


Nenhum comentário:

Postar um comentário