Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Paixão-amor

A sensação da paixão
Não é a mesma do amor
Seja lá o que for
Não se confunde com tesão.
É possível se sentir
Tudo por uma só pessoa?
Tenho de admitir
Não acontece à toa.
Mesmo quando causa dor
É sinal de paixão-amor
Que aumenta todo dia
Razão da nossa alegria.
Por isso nos entregamos
A um desejo intenso
E quanto mais nos amamos
Mais se torna imenso.
Não é amor, não é paixão
É muito desejo e tesão
A nos empurrar com furor
Para viver esta paixão-amor.


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