Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 29 de março de 2015

Tripudiar

Jamais posso aceitar
Que você me diga
Que vivo a ti tripudiar.
É injustiça das piores
Um pecado dos maiores
Com quem só te soube amar.
Meu coração está partido
Completamente desiludido
Parei até de sonhar.
Não penso mais no futuro
Tudo ficou obscuro
Como ainda poderei te amar?
Fostes foi extremamente direta
Disseste com todas as letras
Que só sei de você tripudiar.
É como se eu fingisse
E desde então mentisse
Ao dizer que só sei te amar.
Já pensei até em morrer
Para tentar de esquecer
E não ser mais acusado
De ti só ter tripudiado.


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