Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 4 de fevereiro de 2017

O ano inteiro

É difícil entender
Esta falta de você
Quanto mais distantes
Quero-te mais que antes.
Sinto-me mais homem
Ao matar a tua fome
De ser minha mulher
Do jeito que você quiser.
Entrego-me por inteiro
Em Janeiro ou Fevereiro
E quando chega Março
Nem sei mais o que faço.
Como pensar em Dezembro
Se ainda estamos em Abril
E de tudo eu me lembro
Deste amor quase infantil.
De tanto gozar em Maio
Nos teus braços, desmaio
A segurar no teu punho
Até o mês de Junho.
Tiramos qualquer entulho
Com a chegada de Julho
Para termos mais gosto
No início de Agosto.
A ti me oferendo
Durante o nosso Setembro
Os teus segredos descubro
Já chegamos a Outubro.
Deixo o mês de Novembro
Para sonhar com Dezembro
Tenho você o ano inteiro
Tudo recomeça em Janeiro.


Nenhum comentário:

Postar um comentário