Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 21 de novembro de 2017

Inatingível

Enquanto aqui eu estiver
Quero que sejas minha mulher
Ainda que seja só um sonho
Inatingível, suponho.
E por ser inatingível,
Às vezes, parece horrível
Porque bate uma tristeza
Carregada de incerteza.
Às vezes fico horrível
Penso em tudo largar
Tua voz me chega incrível
Nas ondas do celular.
Então, eu me derreto
E volto lá para o começo
Quanto tudo era paixão
Temperada com tesão.
O sonho me toma de novo
Inatingível vira incrível
A saudade, eu estorvo
Torna-se quase invisível.


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