Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 12 de junho de 2020

É namorado!

- É namorado!
- É não!
- E como estão lado a lado!
- É namorado!
- É não: se não, ela já tinha me contado.
- É namorado sim! Todo dia chega um presente!
- Isso é coisa da tua (mente) doente!
- Não pode ser só aparente. É namorado sim!
- E daí! Tu é quem deve estar a fim!
Seja enamorado, namorado, o que for
E não ligue para os fofoqueiros
Que sempre vença o amor
Das serpentes e dos formigueiros
Talvez brote a dor.
Enamorados são
Enamorados estamos
Enamorados somos
Vivamos enamorados:
Longe ou lado a lado!

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