Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Resignação

Pessoas nascem para amar
Outras, para serem amadas
Descubra o grupo que você está
Ao longa da tortuosa estrada.
Se nasceu para amar
Amor assim não receberá
Contente-se em dar mor
E a conviver com a dor.
De saber que quem você ama
Não te ama da mesma forma
Este será sempre teu drama
Veja se logo se conforma.
Enquanto isso, ela dedicará
Todo o amor a outra pessoa
Quem sabe um dia restará
Alguma sobra, aceite numa boa.
Porque tua sina é amar,
A pessoa amada ajudar
Viva com resignação
É de Deus a tua missão.

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