Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Esqueço

Esqueço de mim
Para cuidar do meu ser
Porque é agindo assim
Que, também, esqueço você.
Tenha um pouco de dó
E lembre que estou só
Se vivo em cima da razão
Congelo toda emoção.
Pareço um homem frio
Erva-daninha no cio
A espalhar a raiz
Dores ficam por um triz.

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Espertos

Diz a lenda urbana:
O mundo é dos espertos
Esteja (quase) certo
Rasa espécie humana.
Nas ondas da esperteza 
A pedra da natureza
Explode na tua cabeça
E barra a impureza.
O fato de ser esperto 
Não faz ninguém desonesto
Calar, ouvir e avaliar
Também é modo de se espertar.

Poema do dia 19/11/2024

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Abandono

Sinto-me só 
Abandonado
Sem ninguém ao lado:
Totalmente largado.
Para assim não se sentir 
Passo a me lembrar de ti 
Daquela partida ingrata:
A saudade ainda mata.

Poema do dia 18/11/2024

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domingo, 17 de novembro de 2024

Multidão

Vejo-me na cidade
Ruas esparsas
Nelas você passa
E nem me olha!
Se me olhas
Não me vês
Olhares se cruzam
Não se trocam
Porque trocas 
O modo de olhar.
Ainda olho em vão
Você se afasta
A mim não me basta
Ser parte da multidão.
Partes, parto
E me aparto
Tento chamar a atenção
Em vão: sou multidão!

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Brilho

Os olhos se enchem de brilho
Viver, de novo, faz sentido
Fagulhas de um amor selvagem 
Talvez seja apenas miragem!
Mas, ao mirar nos teu olhos
Subiu um fogo pelos poros
Minha visão ficou turva
Com detalhes de cada curva.
Amei, toquei e te senti
Como algum tempo não sentia
Fiquei a me perguntar:
Quando chegará este dia?
Os olhos já voltaram a brilhar 
E o corpo a me responder
Sinais de que o verbo amar
Em breve, pode acontecer!

Poema do dia 16/11/2024

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sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Idas

Os dias passam
E se foram
Nem sei se foram
Ou ficaram!
Marcados na memória 
Lembranças das idas
Que nunca foram vindas
Estão na berlinda.
Os dias passam
Nós ficamos 
Até que a morte
Leve-nos para sempre!

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quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Brutal

É brutal 
Ver um bruto mortal 
Tirar a própria vida
Em uma investida.
Suprema idiotia
Contra os “comunistas”
Ideia simplista
De quem não valoriza a própria vida!
Suprema idiotia
De um bando de idiotas
Que batem de porta em porta
Com suas ideias tortas!

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