- Paga dez.
- Não tenho pra jogar.
- Ora, não tem pra jogar, paga vinte.
- Cinquenta; mais cinqüenta, Dominó de vinte.
- Porra, parceiro, como é que me deste um passe daí?
- Não dei passe porra nenhuma; fiz meu jogo.
- Fizeste teu jogo e levamos dois galos.
- Vocês ainda estão discutindo?
- Vão discutir lá fora.
- Rapaz, é esse meu parceiro, que pra burro que pra burro só falta as asas.
- Burro não tem asas.
- Pois é. Então não falta mais nada. És burro mesmo.
- Burro é você.
- É você.
- Você.
- Você.
- Você.
- Na mesa nova partida.
- Nháu. Cocorocó.
- Mais vinte.
- Porra, como é que jogaste assim?
- Os caras deram um galo.
- Por tua culpa, que manda jogares mal?
- Desconfio que a tua massa encefálica é marrom.
- Bem! Vamos parar com o jogo, a coisa está muito pesada.
- Não, mais uma.
- É melhor parar.
- Tá bom, vamos tomar um chope juntos?
- Vamos.
Resposta em uníssono.
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Aqui, será meu espaço exclusivo das experiências em ARTE. "Em Toques" diários, ou quando der na telha, partilharei com cada um de vocês momentos que se eternizam em imagens criadas a partir das palavras que expressam sentidos de olhar, de cheirar, de degustar, de ouvir e de tocar cada minúsculo grão de areia que se torna tudo para o todo da praia, assim como uma gota de água é tudo para o todo do mar.
Tempestade de ideias
Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!
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