Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Tensão

- Paga dez.



- Não tenho pra jogar.


- Ora, não tem pra jogar, paga vinte.


- Cinquenta; mais cinqüenta, Dominó de vinte.


- Porra, parceiro, como é que me deste um passe daí?


- Não dei passe porra nenhuma; fiz meu jogo.


- Fizeste teu jogo e levamos dois galos.


- Vocês ainda estão discutindo?


- Vão discutir lá fora.


- Rapaz, é esse meu parceiro, que pra burro que pra burro só falta as asas.


- Burro não tem asas.


- Pois é. Então não falta mais nada. És burro mesmo.


- Burro é você.


- É você.


- Você.


- Você.


- Você.


- Na mesa nova partida.


- Nháu. Cocorocó.


- Mais vinte.


- Porra, como é que jogaste assim?


- Os caras deram um galo.


- Por tua culpa, que manda jogares mal?


- Desconfio que a tua massa encefálica é marrom.


- Bem! Vamos parar com o jogo, a coisa está muito pesada.


- Não, mais uma.


- É melhor parar.


- Tá bom, vamos tomar um chope juntos?


- Vamos.


Resposta em uníssono.

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