Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Sonhos virtuais


Sou um ser completamente on-line
Não me procure para nada que seja real
No máximo posso fazer parte
De um sonho que seja virtual.
Portanto nem pense em me amar
Ou desejar qualquer parte do meu corpo
Não tenho agenda para encontros
Se insistires será um homem morto.
Só tenho olhos para o que toco
No Facebook, Twitter, MSN ou chat
Só posso te dar um cantinho de tela
Ou uma gota do meu amor-moque.
Se em mim colas, apagas o fogo
Quero ser livre para qualquer gozo
A mim não basta sexo virtual
Se não te encanto na vida real.

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