Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Agonias


Despejo o desejo em cada gesto
Ainda que alguns demonstrem que não presto
Não me considero um contraventor
Só não aceito as convenções
Talvez o máximo que possa aceitar
É dizerem que sou contravenções.
Nem sei se o que escrevo agora é poema
Talvez alguns versos em prosa, nem isso.
Faz parte dessa falta de compromisso
Como a forma tradicional do poema-escrito
Gosto mesmo é do dito e do não-dito
Que as palavras os espaços vazios conseguem preencher
Significados de um lado, signos do outro
Refletem o pensamento absorto
De quem expressa sonho e fantasias
Até mesmo em horas de agonias.

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