Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 27 de outubro de 2012


O rosto não consegue disfarçar
A tristeza que brota do olhar
A te buscar em cada canto do infinito.
Pinto na tela mental “O Grito”
Como se Edvard Munch tomasse meu corpo
E assumisse a identidade dos loucos.
Mostro o torpor em cores
Tento esconder os amores
Só consigo libertar as dores.
Qualquer espaço é um quarto escuro
Seja virtual, transformo em muro
Intransponível na vida real.
Encolho-me em qualquer canto
Não deixo ninguém ouvir meu pranto
Nem ver as lágrimas que dos olhos correm.
No rosto, nos olhos, em todo o corpo
Cristais líquidos deixam suas marcas
E eu ali, de forma opaca
A perder tudo o que a vida me dá.

Nenhum comentário:

Postar um comentário