Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Tortura

É uma loucura imaginar
Que podes ser de outro alguém
Minha capacidade de sonhar
Dissipa-se em direção ao além.
A tristeza me consome
Em imagens desconexas
Qual amor tem esse nome
Se passo a ter mortes diversas?
Durmo em sobressaltos
Se de ti me afasto
Riscos extremamente altos
Deixam-me em clima nefasto.
Perder-te é meu pesadelo
Dividir-te, minha loucura
Quero apagar da alma-espelho
Esta imagem que me tortura:
Se outro te beija ou te toca
Só de imaginar, a mim sufoca
É de perder o juízo
Acordar e não estar contigo.


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