Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Na boca

Sinto o teu gosto na boca
Ainda que estejas longe
Quando molhada e louca
Você geme e me responde.
Pode ser ao telefone
Ou mesmo pela internet
Eis capaz de me deixar com fome
E fazer o corpo não ficar inerte.
É quando me pronuncio
Animal em pleno cio
Boca molhada de gosto
Para sorver o teu gozo.
Na minha boca depositas
Gotas quentes de amor
Por mais que implores, insistas
Para que eu não sugue tua flor.
No fundo, desejas, adoras
Ao dizer não, imploras
Para que eu sorva o teu mel
E suba contigo ao céu.


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