Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 20 de junho de 2015

Intruso

A dor fere a fundo
Dá vontade de desistir
Não faço parte do teu mundo
É fácil de concluir.
Sou intruso, intruso estou
Em tudo o que faço ou digo
Só provoco desamor
E aumento o perigo.
Não sirvo nem para opinar
Muito menos ser ouvido
Em breve iremos chegar
À condição de meros amigos.
Que conseguem manter
O respeito à distância
Todo aquele intenso querer
Será mera lembrança?
Da mesma forma que entrei
Talvez tenha de sair
Hoje a única coisa que sei:
Não quero esquecer de ti.
Mas é difícil suportar
A ferida está aberta
Teremos de revigorar
Nosso amor na hora certa.


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