Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 21 de junho de 2015

Poemeto

Poemeto sem maldade
É o que me traz felicidade
Se no poema meto o pau
É porque sou homem mau.
Mas se falar em pau insisto
Vão dizer que é sexo explícito
Oras, pau é uma madeira
Rima até com mamadeira.
Há nada mais infantil
Que mamar com avidez
Se há maldade sutil
Está na tua insensatez.
Meu poema é despido
De qualquer mau sentido
E se maldade há
Na tua cabeça está.
Meu leitor ensandecido
Minha leitora declarada
Parem de fazer comigo
O que querem com a amada.
Sou poeta, crio versos
Às vezes até adversos
Se achas que meu verso é real
Cura-te: está muito mal.


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