Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Fractais

Desintegradas lembranças de nós
São como lados dos fractais
Tais como em fórmulas irresolvíveis
Seguimos juntos contra as previsões.
Inclusive nossas apostas eram frágeis
De um amor que ao tempo não resistiria
A vida nos enganou em novos flashes
Somos mais fortes que as invenções.
Do poeta viramos Literatura
Os versos gravam nossas diferenças
Que se somam aos nossos mais singelos
Desejos de ter uma vida a dois.
Jovens a queimar o primeiro fogo
Sangue que mal começa a correr
Corpos acessos pelas veias
Previsões de eternos recomeços.


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