Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quarta-feira, 29 de março de 2017

Urros

Como pôde ter acontecido
De eu ficar aqui, esquecido
Sem nada para ti representar
Você não que mais me tocar?
Explorar meu corpo por inteiro
No chão ou embaixo do chuveiro
Se esfregar, subir toda em mim
E me embriagar com teu jasmim.
Cheiro de mulher que é forte
Sorvo, se possível, até a morte
Engulo gotas do teu prazer
Urro até enlouquecer.
Faço do laço o teu aperto
A me ajoelhar em terço
Aperto firme tua mão
No último urro de tesão.


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