Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Cansei

Cansei de mendigar
O teu amor, o teu carinho
Nem sei por que fui cruzar,
Tua vida, o teu caminho.
Meu castelo era de areia
Durante um tempo, só eu cuidei
Imaginei que eras minha sereia
Hoje, sei que me enganei.
Da minha vida arrancarei
Qualquer vestígio de você
Não quero mais, já me cansei:
Conseguirei te esquecer.
Nenhuma porta estará aberta
Em caso de arrependimento:
Terei forças, na certa
Pra te arrancar do pensamento.
Seja feliz, siga seu rumo
Que eu seguirei o meu
Dentro ou fora do prumo:
Foi você quem escolheu.
Aceitarei a sua escolha
Nem que por dentro morra
Não quero mais você na minha vida
Adeus: neste poema-despedida.

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