Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Orações

Suas orações foram ouvidas
Hoje sou pessoa menos envolvida
Acordei muito mais consciente:
De que adianta um sonho demente?
Preciso voltar para a realidade
Não mais sonhar com o impossível
Viver apenas de ansiedade
Vira um pesadelo terrível.
Durmo pensando em você
E a quero feito louco, ao acordar
A única coisa que consigo ter:
É você sempre a me ignorar.
Uma dúvida acomete meu coração:
De que adianta um querer em vão?
Melhor eu de ti me afastar
Para poder, então, avaliar.
Teu amor, não mereço, talvez
E TUDO não passe de uma insensatez
De longe, quem sabe, consiga ver:
Qual a razão de tanto te querer.
Deixemos que as orações
Dominem os corações
Pode ser que mais adiante
Possamos voltar a ser como antes.

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