Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 8 de maio de 2011

Reflexos

Os raios tocam a tez
Refletem cores ofuscadas.
Dão vida ao sorriso
Aos olhos
Aos lábios
Aos dentes.
Branquíssimas luzes
Circundam os carnudos
Limites da boca.
Louca
Sensação de prazer
Ver-te
Vê-la
Bela
Estrela
Refletida
No olhar.

sábado, 7 de maio de 2011

Sombrinhas

Sobra, água fresca
Qualquer lugar em uma secretaria
E ninguém fala no “Caso Bia”.
Bolsos entupidos
Dinheiro público distribuído
Jornalistas e críticos perseguidos
Puxa-sacos ungidos
Cada um com a sua sombrinha
E nós aqui aos gritos.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Dementes

Doentes
Tarados
Pedófilos desvairados.
Infância destroçada.
Inocência vilipendiada.
Pela força do dinheiro
Do poder
Da opressão.
De mentes
Indecentes
Que defloram
Inocentes.
Meninos
Meninas.
Hímens rompidos
Desejos saciados
Canalha protegido
Sobre o manto
Da família.
Ilha
Hipócrita
Apócrifa
Denúncia
Que não vinga!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Sinais

Trocados
Atraem-se.
Idênticos
Retraem-se.
Penso que me amas.
Odeias.
Tento arrancar.
Semeias.
Química, desejo?
Interpretações
Elucubrações
Ellus
Cus
Braços enormes.
Disformes sensações.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Heresia

Não pratico prosa
Nem poemas
Nem poesias.
Pratico heresia.
Ofendo
Machuco
Marco.
Sou sujeito opaco
Poeta macro.
Homem micro.
Microcomputadores
Putadores.
Dores das putas
Homens nem querem saber disso.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Virilidade

Foi-se com a idade
Volta com uma pílula
Quem foi pra terceira idade
Nunca ouvi dizer que retorne.
Carinhosa, nova e atrevida
Talvez dê alguma sobrevida
Mas a quem vive de pílula
Nem sempre a carteira ajuda.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Promessas

Ajoelho-me!
Em frente a ti
Prometo:
Nuca mais errar!
A carne é forte.
O desejo mais ainda.
Novamente ajoelho-me.
Você ainda acredita?