Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Mensaleiros


Agora me aparecem petistas
Tirando de perfeccionistas
A dizer que o Mensalão
É pura ficção.
Dizem que para ser preciso
O pagamento seria fixo
E pago mês a mês.
Em grande parte dos casos
Certamente, não por acaso
Um foi pago de cada vez.
Mensaleiro de responsa
Pra manter a identidade
Deveria ser pago de verdade.
A cada mês passaria
Na boca do caixa e tiraria
A parte do seu quinhão.
Só assim você poderia
Acusar-nos sem heresia
De fazer parte do Mensalão.

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