Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Céu-terra

Tens o dom de me fazer subir
Ao mais alto ponto da esfera
Terra, mar e o céu a porvir
Você, por vir, é minha espera.
Subo ao sonho, desço à realidade
Se não estás, a vida é só saudade
Em ti céu e terra se confundem
Quando tua terra de mim se inunda.
Do destempero passo à temperança
Quando tua imagem volta à lembrança
De cada tudo vivido até em sonho
Todo risco vale se em ti me ponho.
E é por em ti me por que mais te quero
Como a um anjo que inteiro, venero
Por mais um dia, teu, serei sempre
Até que outro jeito de ser teu se invente.


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