Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Fugitivo

Vivo feito um fugitivo
Nas vielas e ruas da cidade
Às escuras esquinas são o motivo
Dos meus espasmos de felicidade.
É como se eu fosse um celerado
A roubar horas do teu mundo
Um nobre, talvez mero vagabundo
A arrancar de uma rainha
A nobreza que ela mantinha.
Apareci e me apoderei
Para ti virei um rei
Sem jamais exercer o reinado
Por viver um amor dilacerado.
Partido ao meio pela saudade
Esfacelado pelo ciúme
Dilacerado pela tristeza
De ser rei em falsa realeza.
Eterno fugitivo serei
Porque na real não sou rei
De ti sou rei apenas escondido
Com o peito a sangrar: partido.


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