Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

sábado, 30 de dezembro de 2017

Corsário

Deixo-me levar pelas ondas
De um mar imaginário
E enquanto me sondas
Finjo ser um corsário.
Que sangra e singra mares
A fingir ser o teu corso
E descobrir outros ares
Para descansar em outro dorso.
Corsário sou e assumo
Gosto da incerteza
Ninguém me fará perder o prumo
A não ser a tua beleza.
Que em mim ficou por maldade
Retalhos de muita saudade
Minha bandeira de pirata
Impede-me que eu me desfaça.
Vontade tenho de ir embora
E singrar mares afora
Teu amor, porém, segura
E impede a minha fuga.


Nenhum comentário:

Postar um comentário