Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Obliterado

Talvez eu não queira
De uma vez admitir
Que me deixas sem eira
Nem beira para fugir.
Deste desejo incontido
Aí perco o sentido
O que é certo ou errado
Torna-se obliterado.
Então vivemos o fogo
De um desejo maluco
Nunca passa este jogo
Só tua respiração escuto.
Como nada é proibido
O corpo é todo prazer
Você faz o que quer comigo
E eu faço com você.
Importa gozar uma vez
E repetir o quanto der
Sem nenhuma timidez
Nosso deus é o prazer.


Nenhum comentário:

Postar um comentário