Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

quinta-feira, 26 de julho de 2018

Agarrado


Sinto levemente
A pressão do dente
Antes os lábios passaram
E me arrepiaram.
Fiquei meio parado
Respiração ofegante
Nos cabelos, agarrado
A viver o instante.
Mais dentes apertaram
Senti tua mordida
Os meus, mais cerraram
Que frio na barriga!
A pulsação aumentou
O gozo quase chegou
Quando depois da mordida
Tua língua languida.
Desceu, subiu, voltou
Com os lábios apertou
A glande já vermelhinha
Explodiu TUDO o que tinha.
Ávida você sorveu
O que não era mais meu
Nenhuma gota ficou
Da força do nosso amor.


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