Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

domingo, 14 de abril de 2019

Sentido


Pensar no gosto do teu corpo
É o que me mantém vivo
Sei que não estou louco:
Quero reviver o sentido.
O teu gosto de mulher
A penetrar meu nariz
Tua concha, minha colher
Sorvo como sempre quis.
Abro as tuas entranhas
Língua-punhal do desejo
A enterrar na tua vulva
A força que mordo e beijo.
Ao som dos teus gemidos
Mordo o fruto proibido
Subo até os mamilos
E volto no mesmo sentido.
Empurras minha cabeça
De volta para a vulva
Faz que teu gosto mereça
Minha boca em luva.
A coxas roliças me prendem
Você puxa o meu cabelo
A loucura me surpreende
Chego a engolir teu pelo.
Nada disso me importa
Vale o gozo sentido
Sinto-te quase morta:
Feliz por eu ter te engolido.


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