Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Pr'o Cazumbá


Vou-me embora pr’o Cazumbá
Onde encontro a alegria
Lá não falta energia
O sol brilha o dia inteiro.
Tem farinha d’água, seca, de todo tipo
E amor da comunidade
Não é como na cidade
Que falta energia e alimento
E é preciso racionamento
Pra conservar o que ainda sobra.
Do Cazumbá eu só volto
Pra entregar a produção
Lá eu tenho natureza
E luta pela preservação.
Tenho o amor da família
Da flora e dos amigos
Adeus, oh cidade grande!
Vou ficar no meu abrigo.

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