Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Cutucadas


Se você me curte eu até aceito
Só não me cutuque porque eu reajo.
Ainda mais se for com um berimbau
Perdi até a rima, o que faço agora?
Resta-me compartilhar todo o meu Nescau
Pois rimar berimbau com alguma coisa
Por transformar Nescau em mingau.
Quando me cutucas lá no Facebook
É bom lembrar da vara curta e da onça.
De onça não tenho nada, do resto deixa quieto
Ainda assim sou capaz de cutucar de volta
Toca o berimbau, dança ao meu redor
Nem que seja um som de uma nota só
Que eu começo em Si e exploro tua escala
Até descer sem pressa e chegar ao Dó.

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