Tempestade de ideias

Lia Ernst Hans Gombrich. Encantado com Leonardo da Vinci, ao anoitecer de uma tarde amazônica. Absorto. Os olhos em “Estudos anatômicos”, laringe e perna, de 1510. Quanta perfeição! Pura arte e anatomia nunca vistas. A última ceia. Mona Lisa. Os olhos deslizam das páginas. À esquerda. Clarões, nuvens, luzes. Sinalizadores do pássaro de aço que da Vinci idealizara. Os olhos voltam-se para as páginas. Mona Lisa. Uma força me impele a erguer os olhos. Duas mãos estendidas por sobre a poltrona 10A chegam a me assustar. O sinal da presença humana tirou-me dos momentos de transe total nos quais vivia cada detalhe de Gombrich sobre da Vinci. A respiração oscilou o ritmo. Um rosto de menina surge entre aquelas mãos, na altura dos cotovelos, lança-me um sorriso terno, infantil e diz; “Tio, porque o senhor deixa aquilo aberto?” e dirige o braço direito para a janela da poltrona 11A na qual eu estava sentado. “É para olhar a nuvens e curtir essa sensação de liberdade”. Sorri. Ela sorriu. “Tomei um susto com as suas mãos”. Ela abriu ainda mais o sorriso. CONTINUA!

terça-feira, 29 de julho de 2014

Assombrado

Como pude me deixar te amar
E ser completamente dominado
Por algo que faz a cabeça girar
E o coração bate assombrado.
Longe ou perto, pouco importa
Vejo-te sempre a abrir a porta
Teu perfume a exalar pelo quarto
A dominar tudo o que faço.
O assombro ganha maior contorno
Quando me pego a olhar no entorno
Descubro que não estás fisicamente
Mas sou incapaz de tirá-la da mente.
O assombro vira desespero
E se transforma em pesadelo
Ao pensar que podes não mais me querer
E tudo o que vivemos decidires esquecer.


Nenhum comentário:

Postar um comentário